Os sapatos-joia de Manolo Blahnick

Tive a sorte e o privilegio de ver a exposição “Manolo Blahnick – A Arte do Sapato”, no Museu de Artes Decorativas de Madrid, um panorama significativo de suas criações ao longo de 45 anos de carreira.
Natural de Las Palmas, nas Ilhas Canárias, entra para o mundo da moda em 1971, através da editora da Vogue Diana Vreeland, quem o aconselhou a se dedicar `a criação de sapatos femininos. Em 1972 cria sua primeira coleção para Ossie Clark, estrela da moda do Swinging London, nos anos 1960.
Ao percorrer essa mostra, percebe-se, entretanto, que Manolo foi muito além de simples sapatos: suas criações são verdadeiras joias, tanto na concepção dos desenhos quanto nos materiais utilizados e na riqueza dos detalhes.
Materiais como pérolas, cristais, camafeus, corais de resina, e até pedras preciosas estão presentes em varias de suas criações. Um sapato feito sob encomenda pela Bulgari, por exemplo, traz rubilita, ametistas e diamantes na correia que se prende ao tornozelo. Uma joia e tanto!
Arte, arquitetura, geografia, botânica, culturas exóticas e  longínquas são fontes eternas de inspiração para Monolo, que nutre especial interesse pela Rússia, Inglaterra, Itália (Sicilia, principalmente) e Espanha.
Como amante do barroco, além das pedrarias Manolo abusa dos ricos tecidos como veludo, cetim de seda, brocados, tafetá, além das peles, passamanarias, fitas, pompons e franjas. A sala Maria Antonieta é um bom exemplo dessa opulência: traz os 11 pares de sapatos desenhados em 2006 para filme homônimo, de Sofia Coppola.
Obcecado pela perfeição, Manolo Blahnick transforma sapatos em intrincadas obras de arte, objetos de personalidade própria que, muitas vezes, vão além da funcionalidade.


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